Eu vi esse filme há alguns meses, talvez até um pouco mais de um ano. E adorei, me emocionei. Como se trata de um roteiro de Charlie Kaufman chega a ser uma pretensão tentar resumir o enredo, que é tão maluco quanto bom. A inspiração veio de um poema de Alexander Pope sobre a história de Abelardo e Heloisa em que diz, em uma de suas estrofes quão feliz é o destino de um inocente sem culpa! O mundo em esquecimento pelo mundo esquecido. Brilho eterno de uma mente sem lembranças! Cada orador aceito, cada desejo renunciado.
Pode se dizer que é um filme sobre memórias, sobre não ter memórias e sobre o amor. Na verdade, simplificando, pode até se dizer que se trata de uma história de amor, de Joel (Jim Carrey) e Clementine (Kate Winslet). Eles se conhecem em um churrasco de amigos numa praia e apaixonam-se de cara, mas ele é contido, tímido e aborrecido, ela é impetuosa, esquentada e dada a excessos, e depois de algum tempo de um relacionamento sério, os dois brigam.
Clementine ouve falar então de uma empresa que promete apagar lembranças ruins de pessoas, coisas, animais, o que for, prometendo o fim do sofrimento, da dor causada por relacionamentos que não deram certo ou que acabaram de forma drástica. Funciona mais ou menos assim: o cérebro do cliente é mapeado enquanto ele vê objetos que o fazem lembrar do que ele quer ver esquecido. Identificados, os pontos dolorosos são bombardeados e puf!, se vão. Pra sempre, junto com o sofrimento.
Quando Joel descobre que a ex-namorada se submeteu ao apagão, resolve fazer o mesmo. No meio do processo, arrepende-se e tenta, de dentro de sua memória sendo apagada, lembrar-se de seu amor eterno. Para tanto, usa artifícios, como conduzir a amada para memórias antigas, de infância, quando ela ainda não existia. O filme então se passa na mente do Joel, em todo o desespero dele pra tentar não apagar Clementine de sua memória, de sua vida.
O filme é muito lindo, uma pitada de ficção científica, drama, comédia e muita coisa pra pensar. Como disse Marcelo Forlani, do Omelete, "desta vez, além de mexer com o que é ou não real, Kaufman brinca também com a linha temporal de seu conto. Estamos no início de uma linha ou no meio de um ciclo? O que aconteceu realmente está no passado? Tudo isso é detalhe. É apenas um recurso que ele usa para fazer os espectadores pensarem. Segundo ele próprio gosta de dizer espero que cada pessoa saia do cinema com seu próprio filme na cabeça."
Só pra complementar, Jim Carrey está ótimo no seu personagem, depois de ver o filme não consigo imaginar outro Joel. Kate Winslet e sua Clementine são apaixonantes. A cena em que ela fala sobre os nomes de tintas pra cabelo é sensacional!
Fica a dica pra quem quer ver um filme pra pensar. É bom demais, vale a pena!!
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